domingo, dezembro 03, 2006

Uma História de Amor Impossível

Conta a lenda que uma jovem mariposa-de corpo frágil e alma sensível-voava ao sabor do vento, certa tarde, quando viu uma estrela muito brilhante, e se apaixonou. Excitadíssima, voltou imediatamente para casa, louca para contar à mãe que havia descoberto o que era o amor.
- Que bobagem! - foi a resposta fria que escutou.
- As estrelas não foram feitas para que as mariposas possam voar em torno delas. Procure um poste ou um abajur, e se apaixone por algo assim; para isso nós fomos criadas.
Decepcionada, a mariposa resolveu simplesmente ignorar o comentário da mãe, e permitiu-se ficar de novo alegre com a sua descoberta.
- Que maravilha poder sonhar!-pensava. Na noite seguinte, a estrela continuava no mesmo lugar, e ela decidiu que iria subir até o céu, voar em torno daquela luz radiante, e demonstrar seu amor. Foi muito difícil ir além da altura com a qual estava acostumada, mas conseguiu subir alguns metros acima do seu vôo normal. Entendeu que, se cada dia progredisse um pouquinho, iria terminar chegando na estrela, então armou-se de paciência e começou a tentar vencer a distância que a separava de seu amor. Esperava com ansiedade que a noite descesse, e quando via os primeiros raios da estrela, batia ansiosamente suas asas em direção ao firmamento. Sua mãe ficava cada vez mais furiosa:-Estou muito decepcionada com a minha filha-dizia.-Todas as suas irmãs, primas e sobrinhas já têm lindas queimaduras nas asas, provocadas por lâmpadas! Só o calor de uma lâmpada é capaz de aquecer o coração de uma mariposa; você devia deixar de lado estes sonhos inúteis, e arranjar um amor que possa atingir. A jovem mariposa, irritada porque ninguém respeitava o que sentia,resolveu sair de casa. Mas, no fundo - como, aliás, sempre acontece- ficou marcada pelas palavras da mãe, e achou que ela tinha razão. Por algum tempo, tentou esquecer a estrela e apaixonar-se pela luz dos abajures de casas suntuosas, pelas luminárias que mostravam as cores de quadros magníficos, pelo fogo das velas que queimavam nas mais belas catedrais do mundo. Mas seu coração não conseguia esquecer a estrela, e, depois de ver que a vida sem o seu verdadeiro amor não tinha sentido, resolveu retomar sua caminhada em direção ao céu. Noite após noite, tentava voar o mais alto possível, mas quando a manhã chegava, estava com o corpo gelado e a alma mergulhada na tristeza. Entretanto, à medida que ia ficando mais velha, passou a prestar atenção em tudo que via à sua volta. Lá do alto, podia enxergar as cidades cheias de luzes, onde provavelmente suas primas, irmãs e sobrinhas já tinham encontrado um amor. Via as montanhas geladas, os oceanos com ondas gigantescas, as nuvens que mudavam de forma a cada minuto. A mariposa começou a amar cada vez mais sua estrela, porque era ela quem a empurrava para ver um mundo tão rico e tão lindo. Muito tempo se passou, e um belo dia ela resolveu voltar à sua casa. Foi então que soube pelos vizinhos que sua mãe, suas irmãs, primas e sobrinhas, e todas as mariposas que havia conhecido já tinham morrido queimadas nas lâmpadas e nas chamas das velas, destruídas pelo amor que julgavam fácil. A mariposa, embora jamais tenha conseguido chegar à sua estrela, viveu muitos anos ainda, descobrindo toda noite algo diferente e interessante. E compreendendo que, às vezes, os amores impossíveis trazem muito mais alegrias e benefícios que aqueles que estão ao alcance de nossas mãos.
Autor: Paulo Coelho

17 comentários:

Anónimo disse...

Moral da história: nada é impossivel nesta vida!! E mesmo aquilo que nos parece mais facil e acessível, nao é sempre aquilo que nos faz mais feliz!!! Podemos pensar que estamos a seguir uma loucura, que sera impossivel chegar onde queremos, mas a verdade é que tudo é possivel, e que basta querer para conseguirmos, dia após dia, alcançar-mos aquilo que tanto sonhamos!!

Beijinhos ;)

Nux@ disse...

Como eu sempre disse... O AMOR É LINDO!!!!!!!!!

Óbelix disse...

Mas lindo com W... WINDO
Que vem de AWEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!


bjs e abraços

Anónimo disse...

WINDO WINDO WINDO WINDO !!!! :)

Vem de que? lol

Beijocas

Nux@ disse...

Hoje um amigo disse-me sonhou comigo... Perguntei-lhe com o quê?; ao que me responde: procuravas um amor impossível, por isso ficavas sozinha... será que é esse o meu destino???

Anónimo disse...

Hummm......talvez seja esse o problema de muita gente infelizmente....mais cedo chegarei eu a esse destino...:)

Beijinhos

Anónimo disse...

Há quem procure um amor impossível e há quem fuja de um amor inevitável...

Ass: M.A.

Nux@ disse...

Amor inevitável?... Curiosidade feminina...

Anónimo disse...

ehehe Ó Falbala, quem é o/a M.A. ? lol


PS.- Curiosidade feminina :p

Beijinhos

Nux@ disse...

Ó Beta também eu queria saber...

Óbelix disse...

Isto anda aqui muito mistério!

Ai ai ai ai (coçando a cabeça...)

bjs e abraços

O impossível pode vir a ser realizável, o inevitável já deveria ter acontecido...
Digo eu, é uma questão de semântica!

Anónimo disse...

Diria antes...o impossivel quando menos esperamos acontece.....o inevitavel acaba mesmo por acontecer!!!!...........e ACONTECEU...


AWEEEEEEEEEEE!!!!!!!!!!

Beijinhos

Anónimo disse...

Bem, isso depende dos pontos de vista e parece-me que, por aqui, cada um puxa a brasa à sua sardinha! LOL

M.A.

Anónimo disse...

AH AH AH AH
E qual é a tua sardinha ó M.A.?
Algum trauma com a identidade?

Beijinhos a todos

Óbelix disse...

Lembrei-me de um ditado do meu primo, que se aplica ao inevitável e ao impossível.... O ppl do trabalho foge qd eu digo isto... (por eu dizer muitas vezes!!)

"Quando chove em Novembro o Natal é em Dezembro" LOL

bjs e abraços distribuam da melhor forma

Anónimo disse...

Porque é que será que eu conheço tanto essa frase? ;)

Beijitos distribuam da melhor forma :)

Anónimo disse...

Paulo Coelho? Blergh...

Gostos são gostos, mas para mim o homem está para a religiosidade e espiritualidade como um hamburguer do McDon. para um bife do lombo no eleven
para a literatura como a Maragarida rebelo Pinto para o Gabriel Garcia Marquez
Mas hey, eu estou para crítico literario como o Bush Jr. para o Stephen Hawking... ;)


Quanto ao resto, já houve melos ou quê ??? ;)

Alex

PS: mais alguem q pensa como eu
ensaísta Janilto Andrade, Phd em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tenta romper o silêncio com a publicação de ''Por que não ler Paulo Coelho'' (editora Calibán).

O volume, quase em formato de bolso, traz uma análise nada generosa do livro ''O Alquimista'' (1988), o título mais conhecido do ex-parceiro de Raul Seixas.

''A crítica literária elaborada imaginativa e intelectivamente constrói um discurso que aponta para a coesão interna característica das obras formalmente bem estruturadas, mas este estudo, ao contrário, torna conhecido os (des)caminhos de um texto cujo maior pecado entre os maiores é não ter coerência interna nenhuma, lembrando, antes, uma panela mal mexida'' sentencia o autor já nas linhas iniciais.

Janito aponta contradições na narrativa, erros infantis de coerência linguística e personagens mal construídos. Acentua a fragilidade do protagonista, um pastor de ovelhas que lê autores clássicos e viaja ao Oriente em busca do auto-conhecimento metaforizado num suposto tesouro escondido em pirâmides egípcias.

Segundo o crítico, o herói inverossímil peca pela desarmonia entre sua fala, seus desejos e o contexto em que está inserido.

Taxando o obra de narrativa trivial, ele escreve que Paulo Coelho dá ao leitor acomodado aquilo que ele espera encontrar no livro, ''um excitante vulgar procurando qualificar-se como arte sofisticada''.

Não haveria nenhum apelo à análise, nenhuma exigência de esforço perceptivo, nenhum estranhamento. Apenas lugares comuns temperados com pregações conformistas.

Ao examinar o romance pelo viés ideológico, o autor argumenta que ''O Alquimista'' funciona como um ''sedativo'' para a consciência infeliz do homem contemporâneo. Pinça uma das sentenças mais citadas de Coelho (''quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize seu desejo'') assinalando que ''frases assim teimam em preencher o vazio da classe média e da pequena-burguesia, acossadas pela desesperança, perplexas, porque não entendem as razões do isolamento em que se meteu o indivíduo, porque não enxergam na tirania mercadológica, a conversão do sujeito em objeto e do objeto em sujeito''.

Na introdução, Janilto lembra que teve de vencer resistências para pegar o exemplar de ''O Alquimista'' na Biblioteca da Universidade Católica de Pernambuco. Foi convencido por alunos e ex-alunos, a quem dedica o volume, que sempre o indagaram: ''por que professores de literatura não lêem Paulo Coelho?''.

Serviço:
''Por que não ler Paulo Coelho''
Autor: Janilto Andrade
Editora: Calibán (tel. 21/2533-3587 / e-mail: caliban@uol.com.br)